De 20 a 26 de outubro:

  • Preparei salada incluindo sementes de romã, que colhemos em Alborache. Ficou exótica e refrescante, mas não agradou todo mundo.
  • Comecei a ler “O Dossiê Pelicano”, de John Grisham, escrito em 1992, sobre a investigação do assassinato de juízes da corte suprema americana, odiados por extremistas de direita (parece o atual cenário brasileiro, né...)
  • A sogra de minha filha voltou para Estocolmo. Ficamos amigas, apesar da barreira da língua: ela só fala sueco e o app de tradução não ajudou: tivemos de apelar para a mímica. Nos despedimos no aeroporto de Valência às 3h30 da madrugada!
  • Encontrei um livro de Anton Tchekov em uma “biblioteca” de rua do bairro, em La Canyada, “Del amor y otros relatos” e comecei a ler de imediato. Tchekov é um mestre das narrativas curtas, e eu quero ler mais contos e poesias.
  • Minha filha incluiu no kindle vários livros de autores modernos, a meu pedido. Preciso atualizar meus conhecimentos de literatura.
  • Todo mundo ficou resfriado, com a mudança de temperatura. Tá frio pra caramba!
  • Tentamos muito, mas não conseguimos ver o cometa Lemmon. Agora só daqui a 1300 anos!
  • Mesmo tendo de pagar pra despachar, comprei uma mala de 20kg, linda e resistente, perfeita para viagens longas (a atual é de três meses) e de inverno (roupas de frio ocupam mais espaço). Manterei minha mala de 10kg para as viagens curtas.
  • Começamos a assistir a quinta temporada de “Only murders in the building”, com Selena Gomez, Steve Martin e Martim Short. Com legendas em inglês para favorecer meu aprendizado.
  • Conclui dois poemas dedicados a meus netos cachorros, Luna e Astro.
  • Comemos Korma, comida indiana no jantar do sábado, e Kagianas, comida grega no café da manhã do domingo. Tudo preparado pela minha talentosa filha, que ama a cozinha internacional.
  • Com chuva e frio, terminamos a semana com o jogo de tabuleiro, Cluedo, e novamente os de 3D, Synth Rider e Ragnarock.

“Comida para guardar na memória”. Assim os chefs Javier Vega, Alex Duran e Blanca Martinez, do restaurante Memória Gustativa, apresentam o menu da casa. E eu sou testemunha de que eles cumprem o que prometem.

Uma das comemorações do aniversário de 41 anos de minha filha foi almoço no Memória Gustativa. O restaurante é pequeno, com poucas mesas e decoração com uns toques vintage. O ótimo atendimento e a comida criativa são as marcas registradas da casa, localizada na Rua Conde de Altea, 43, próximo ao centro histórico de Valência.

Estávamos em quatro pessoas (eu, minha filha, o marido e a sogra dela) e escolhemos o “menu degustación” de 11 pratos, que acompanhamos com duas garrafas de vinho tinto. O cardápio valoriza a cozinha mediterrânea e usa ingredientes comuns, como grão de bico, abobrinha, cebola, atum em lata, batata e outros, resultando em pratos elaborados, incrivelmente criativos. Esse tipo de cozinha, que moderniza os sabores e dá uma apresentação diferente a ingredientes tradicionais vem sendo adotada por muitos chefs, mas no caso do Memória Gustativa já lhe valeu indicações aos guias Michelin (The Fork Awards) e Repsol.

Um dos pratos mais interessantes para mim, servido no meio da refeição, tem aparência de sobremesa e passa por um pudim de leite com calda de caramelo, mas trata-se de um preparado de batata e ovo, com calda de cebola caramelizada. O chef Javier propôs que adivinhássemos os ingredientes, e eu consegui identificar a cebola, mais nada. Mas a brincadeira deixou o ambiente ainda mais descontraído. Recomendo a todos que tenham a oportunidade de ir a Valência, que não deixem de conhecer o Memória Gustativa.

prato que lembra pudim de leite

Estou experimentando receitas que fazem melhor aproveitamento de ingredientes culinários que normalmente são descartados, como folhas, talos, cascas e sementes, que são super nutritivos e conferem ótimo sabor. Compartilho aqui minha experiência de um arroz de sushi, que adaptei para os ingredientes que eu tinha:

  • Cozinhar uma xícara de arroz (pode ser branco ou integral). Depois de pronto, enquanto o arroz ainda está quente colocar uma mistura de ¼ de xícara de vinagre de arroz e 2 colheres de chá de açúcar (pode ser adoçante culinário, para quem quiser restringir o uso de açúcar). Deixar esfriar.
  • Servir em tigelas ou pratos, com os acompanhamentos de sua preferência, que podem ser tiras de cenoura e pepino, brotos de soja, edamame, picles de gengibre, kanikama, pedacinhos de folha de alga Nori, abacate, atum (pode ser de lata), sunomono, folhas de cenoura e de beterraba, etc. Depende da preferência de cada um.
  • Por fim, cobrir com um molho feito de 3 ou 4 colheres de shoyu, 2 c/sopa de óleo tostado de gergelim, 2 c/s de vinagre de arroz, 2 c/s de Mirin, e 1 c/chá de pasta de pimenta chili. Colocar por cima sementes de gergelim (preto ou branco) para decorar.

Bolo diet de maçã e canela hereDe duas receitas distintas, muito parecidas, criei uma terceira que passou a ser um dos meus bolos preferidos. Indico para quem quer evitar o açúcar, por qualquer razão: basta substituir o açúcar por adoçante culinário, a quantidade pode ser adaptada ao paladar de cada um.

Ingredientes e preparo:
- Ligue o forno a 180 graus.
- Forre o fundo de uma forma com fatias de maçã (com ou sem casca, como você preferir). Não precisa untar a forma. Cubra com uma mistura de 1 colher de chá de canela em pó e 1 colher de sopa de adoçante. Reserve.
- Rale ou corte em pedaços pequenos 3 ou 4 maçãs. Pode ser com casca. Coloque numa tigela, cubra com o suco de um limão. Comece a misturar com os outros ingredientes:
- 1 colher de sopa de canela em pó.
- 1 colher de chá de extrato de baunilha.
- ½ xícara de óleo.
- ¼ xícara de água.
- 1 xícara de adoçante.
- 1 ½ xícaras de aveia em flocos.
- 1 xícara de uvas-passas pretas (opcionalmente, pode-se usar ½ xícara de uvas-passas pretas e ½ xícara de uvas-passas brancas ou tâmaras ou frutas cristalizadas).
- 1/2 xícara de castanhas do Pará ou amêndoas, picadas.
- 3 ovos ligeiramente batidos com garfo ou foyer.
- 1 colher de sopa de fermento químico.

Coloque toda a mistura na forma e leve ao forno por cerca de 50 minutos. Desenforme depois de frio.
Este bolo pode ser guardado na geladeira, fica ainda mais gostoso gelado.

Às vezes esquecemos detalhes dos acontecimentos porque não temos nenhum registro que nos faça lembrar. Podem ser acontecimentos simples, sem relevância suficiente para merecer um post, mas que de alguma forma enriquecem a vida da gente. Por isso, resolvi listar o que me acontece a cada semana, atualizando na segunda-feira. Pra começar faço um resumão das coisas de Agosto, a partir da minha chegada em Valência, no dia 11.

  • Sai do Recife no dia 10, em voo da Azul. Gostei da organização do embarque mas detestei a comida. Tinha muita gente bonita no voo, homens e mulheres.
  • Cheguei em Madri às 8h10. Depois da imensa fila da imigração encontrei minha filha e meu genro e fomos de carro almoçar em Cuenca, que fica a 200km de Valência, onde eles moram.
  • Conhecemos duas cidades medievais vizinhas, lindas: Mora de Rubielos e Rubielos de Mora, em Teruel. Na primeira visitamos o castelo e almoçamos o “menu del dia”. Tava um calor de 38 graus!
  • Visitamos a cidade medieval de Morella, em Castellón, muito linda, onde tivemos a sorte de encontrar um festival, que só acontece a cada seis anos. Tinha bonecos gigantes e bandinha de música desfilando. Compramos uns queijos curados com trufas negras, fantásticos.
  • Assistimos na TV “Nonnas”, um filme baseado em fatos reais, onde avós italianas cozinham pratos de dar água na boca.
  • Assistimos “Sing Stret”, sobre jovens de um lugar sem perspectivas, que formam uma banda.
  • Fomos ao bairro de Patraix, onde conheci o “Almuerzo Valenciano”, um sanduichão que substitui o café da manhã e o almoço.
  • Visitamos o "Mercado de la Imprenta", também no bairro de Patraix, onde funcionou uma impressora criada por José Vila em 1908, que agora é um mercado gastronômico.
  • Comi macarrão feito na máquina maravilhosa que minha filha e meu genro compraram, que faz vários tipos de massa: espaguete, cabelo de anjo, lasanha, tagliatelli e outros.
  • Caminhamos quase todos os dias com os cachorros, de manhã e de tarde, pela floresta.
  • Experimentei vários pratos veganos: molho à bolonhesa, galinha falsa (igualzinha) e hamburguer, tudo feito de soja, além de hamburguer de proteína de ervilha, de seitan, de brócolis, etc.
  • Também comi vários pratos com cogumelos frescos, de tipos variados, que não se encontram no Recife. Uma delícia a pizza.
  • Voltei a ler no kindle, embora prefira os livros impressos, mas é mais prático quando a gente viaja. Estou lendo “Beware the past”. Meu inglês é fajuto mas dá pra entender todo o contexto.
  • Estou estudando inglês diariamente pelo Duolingo. Minha meta é poder ver filmes no idioma original, sem legendas.
  • Assistimos muitos episódios da série espanhola "First Dates", em que casais tentam encontrar o amor.
  • Vi vários episódios da série "Chef’s Table", sobre grandes chefs do mundo. Um deles é o brasileiro Alex Atala.
  • Assistimos uma série muito boa de crime e suspense: "Dept. Q"
  • Visitamos a Igreja de São Nicolau e São Pedro Mártir, conhecida como Capela Sistina de Valência, onde havia um espetáculo de luz e som.
  • Cozinhamos geleia de figo, com açúcar e com adoçante, com os figos colhidos no quintal da casa.
  • Apesar do calor, resolvemos comer raclete no jardim de casa, olhando as estrelas.
  • Fiquei de porre dividindo três garrafas de vinho e mais de meia garrafa de Bailey’s.
  • Podei uma parte das plantas do jardim de casa.
  • Eu vi o gênio Leonardo da Vinci na fantástica exposição dos 500 anos de sua obra, no Museu da Ciência, na Cidade das Artes e da Ciência, uma obra monumental em Valência.
  • Minha filha, que é programadora, criou este blog pra mim. Estou obcecada, escrevendo todos os dias!

um prato de macarrão com limão

Foi uma grata surpresa sentir o sabor da Pasta di Amalfi (macarrão à moda de Amalfi, região da Itália), feito com os ingredientes mais simples, que todo mundo geralmente tem na despensa: macarrão , limão, atum e alho. Eu nunca sequer cogitara que essa combinação de ingredientes pudesse ter um resultado tão bom.

Minha atual temporada com minha filha e meu genro está servindo para intensificar meu conhecimento da comida italiana, da qual somos os maiores apreciadores. Praticamente todos os dias cozinhamos algo como lasanha, macarrão, pizza, e outros pratos da cozinha da Itália.

Para a Pasta di Amalfi usamos macarrão cabelo de anjo, de sêmola, mas acredito que com outros tipos e espessuras também dê bom resultado. Enquanto a pasta cozinhava, misturamos numa tigela as raspas e caldo de um limão siciliano, dois dentes de alho ralados no ralo fino, uma lata de atum escorrido, quatro colheres de sopa de azeite extra virgem, meia xícara de queijo parmesão fresco ralado. Quem estiver fazendo, pode acrescentar um pouquinho da água do macarrão se achar que precisa deixar mais cremoso (essa dica da água é um costume das “nonnas” italianas para garantir um molho com brilho e textura). Depois de escorrer o macarrão, misturamos bastante a pasta e o molho, por fim, colocamos um pouco de salsinha por cima. Para acompanhar, vinho italiano, é claro. Sorvete de sobremesa, que o calor na Espanha, onde moram minha filha e genro, nesse dia estava beirando os 37 graus.

De agora em diante este prato faz parte das minhas comidas simples favoritas.

Ler, anotar, comprar livros especializados, pesquisar na internet, experimentar combinações com diferentes temperos e molhos, cozinhar e, finalmente, comer.

Seguir receitas é uma paixão. Sigo desde as mais tradicionais, daquilo que se convencionou chamar de “cozinha afetiva” - pratos que nossas mães e avós preparavam em nossa infância, tanto no cotidiano quanto nas celebrações familiares -, até a cozinha atual, dominada pela preocupação com uma dieta mais saudável, em que pratos vegetarianos e veganos ganham protagonismo.

Gosto de quase tudo e amo conhecer a culinária dos diversos lugares. A diabetes me fez desistir dos ingredientes mais glicêmicos no meu dia-a-dia, e fazer substituições, como trocar o açúcar por adoçante e as farinhas brancas por integrais ou aveia, mas descobri que o prazer da comida está muito ligado à adaptação do paladar, que junto com a beleza dos pratos, o colorido e o cheiro, influi diretamente no apetite. Nas festas e em visitas, para não passar nem provocar constrangimento, me sirvo da mesma comida que os outros, se não houver alternativas. Mas, em geral, minha alimentação é variada, saudável e muito gostosa, como espero demonstrar aqui.

Mulher mexendo bowl de macarrão