São tantas contas.
Contas a acertar
com Deus,
com os homens,
a família
e os bancos...

Contas que chegam.
Contas que nascem
do meu interior.
Brotam do saldo
das reminiscências,
como se o Diabo
dissesse: a culpa é tua,
a culpa é toda tua.
E nem tenho o lenitivo
de dividir com alguém
tantas contas,
contas tantas.

(escrita em 28 de janeiro de 2012)

(à Carlos Pena Filho)

Hoje eu me libertei
E um balde de tinta azul
Despejei sobre a cabeça.
Porque pintar só os sapatos
Se de azul posso pintar o vestido,
Os cabelos e a pele?

Assim saí pelas ruas,
Carnavalizando o dia,
Caotizando o trânsito,
Captando olhares céticos
Sobre o anjo que passava
E o mutante que emergia.

(Escrita em agosto de 2008)